Prólogo...
“A única certeza da Vida é a Morte”. Meu pai me dizia isso quando eu era apenas uma garotinha que morava no subúrbio com o pai desempregado. Quando as rosas ainda tinham cheiro para mim. E quando a única coisa que prezávamos era a esperança. Quando se nasce pobre, não temos muito em o que acreditar. Um pão todo dia na mesa era o meu maior sonho de consumo quando menor. Eu não via as coisas com tanta grandeza. Meu pai tinha que pedir dinheiro no sinal para nos sustentar. Para muitos é uma situação humilhante, mas eu o via como o maior homem do mundo, como toda criança vê seu pai. Por mais que fosse pobre ele tinha algum passado que nunca me contou. Ele era sábio e sóbrio. Nunca me escondeu uma verdade como fazem os outros pais. Por isso nunca me forcei á acreditar em Fada dos Dentes, Papai Noel ou Coelho da Páscoa. Nenhuma dessas invenções poderiam nos tirar da miséria. Então ver o mundo como ele realmente é, desde criança, me ensinou a conviver com ele. Mas nunca deixamos a esperança de que um dia nos conseguiríamos sair do fundo do posso. Bem; era o que eu achava. Até que o que era pior... Ficou ainda pior.